30.5.06

Outra Vez

Alguém perguntou para Nilde do que ela sente saudades, oh santo saudosismo.

Saudade eu tenho é do que não nos coube. Dos pedaços de mim qe um dia ousei em doar-te. Aqueles míseros pedaços que a tua vaidade usou- e abusou- e hoje jazem aos poucos.
Sinto saudade da troca de olhares, do que ficou subentendido, dos torpedos, aqueles fatais. De uma época cujo o acaso nos protegia. Sinto saudades da tua essêcia, até mesmo da memória muitas vezes, olfativa.
Sinto saudades das borboletas a bater asas no estômago. Do teu carro, tão green quanto o par ocular que não me sai da cabeça, e que por acaso hoje, cruzou minha retina.
Sinto saudades dos teus braços se cruzando em minhas costas, da ausência das palavras, dos sons invadindo o espaço.
Sinto saudades da tua física, do teu físico, dos muros que com quatro, seis mãos, erguemos. Do tijolo que lançaste sobre a minha dor. Da argamassa que recheou minha vida.
Sinto saudades das mentiras, até mesmo as sinceras. Do céu e inferno de cada dia. De querer ter-te, morar-te, até morrer-te.
Sinto saudades de cada pe´rigo, da audácia e do temor que sobrevivemos. Saudades de ser, estar e ficar tensa toda vez que sem viver, nos cruzamos. Saudades de mim mesma, essa mesma que levaste contigo.
E o que se faz quando se tem saudades?!
Nada.
'Das lembranças que eu trago na vida, você é a saudade que eu gosto de ter...
E é por essas e outras que a minha saudade me faz lembrar de tudo, outra vez.'