30.5.06

Outra Vez

Alguém perguntou para Nilde do que ela sente saudades, oh santo saudosismo.

Saudade eu tenho é do que não nos coube. Dos pedaços de mim qe um dia ousei em doar-te. Aqueles míseros pedaços que a tua vaidade usou- e abusou- e hoje jazem aos poucos.
Sinto saudade da troca de olhares, do que ficou subentendido, dos torpedos, aqueles fatais. De uma época cujo o acaso nos protegia. Sinto saudades da tua essêcia, até mesmo da memória muitas vezes, olfativa.
Sinto saudades das borboletas a bater asas no estômago. Do teu carro, tão green quanto o par ocular que não me sai da cabeça, e que por acaso hoje, cruzou minha retina.
Sinto saudades dos teus braços se cruzando em minhas costas, da ausência das palavras, dos sons invadindo o espaço.
Sinto saudades da tua física, do teu físico, dos muros que com quatro, seis mãos, erguemos. Do tijolo que lançaste sobre a minha dor. Da argamassa que recheou minha vida.
Sinto saudades das mentiras, até mesmo as sinceras. Do céu e inferno de cada dia. De querer ter-te, morar-te, até morrer-te.
Sinto saudades de cada pe´rigo, da audácia e do temor que sobrevivemos. Saudades de ser, estar e ficar tensa toda vez que sem viver, nos cruzamos. Saudades de mim mesma, essa mesma que levaste contigo.
E o que se faz quando se tem saudades?!
Nada.
'Das lembranças que eu trago na vida, você é a saudade que eu gosto de ter...
E é por essas e outras que a minha saudade me faz lembrar de tudo, outra vez.'

23.5.06

Pondo os pingos nos ís

Nilde não possui ídolos. A sua constante necessidade de mudança, a impede de venerar quem quer que seja. Pois bem, como eu disse ela não tem ídolos, para ela apenas um mestre é digno de apologias, o poetinha. Ele, incrivelmente traduziu com todas as vírgulas e parágrafos as cenas que a minha protagonista hoje, interpreta. Para ela é Deus no céu, e Vínicius também. Antologia poética, eis a sua bíblia. Estou dando todo esse destaque ao Vinícius, porque ultimamente a nossa amiga tem levado ao pé da letra a tese de autoria do seu mestre: 'todo amor só é bem grande se for triste.' Não sei se vocês, meus caros e raros leitores já perceberam, mas todos os amores de Nilde até então foram bem grandes. Alguns, de tão enormes, não couberam aqui.

Odeio comparações, mas vou confessar à vocês, eu e Nilde somos muito semelhantes. Com apenas uma diferença, ela vive e eu, relato.
Sorte a minha...
Sou o tipo de pessoa que não consegue escrever no verão, muito menos na primavera. Não mesmo! Me recuso. Então está explicado aos senhores o motivo pelo qual estive afastada deste espaço. Quando a vida de Nilde está colorida, os pingos estão nos ís, e quando o equilibrio emocional alcança a sua vida, eu não consigo e nem vejo motivo pelo qual aqui escrever. Isso mesmo. Quando a felicidade se aloja pela vida da minha protagonista, cabe a mim partilhar e gozar com ela de tal néctar. Não custa nada, afinal, a felicidade é como a gota de orvalho numa pétala de flor, brilha tão leve mas tem a vida breve. Tão breve que num piscar de olhos, para a felicidade dos senhores e desabafo meu, volto a este 'divã', para uma espécie de terapia virtual. Todos em busca de conhecer melhor Nilde, para que então enfim, ela possa se conhecer. Faz algum sentido?
Então está combinado. Quando algo estiver sufocando Nilde, eu, como mera porta-voz, venho aqui e traduzo em palavras o que engata a traqueia da nossa colega.
Subeentende-se então que algum corpo estranho anda habitando a traquéia de Nilde, logo, a minha presença aqui tenderá a ser assídua, that's rigth?!
Ficou curioso?!
Aguarde a proxima sessão.

22.5.06

'Aperto o doze que é o seu andar...'

As suas preces foram atendidas. Nilde está curada do pior dos males, a falta de amor próprio. Exato. Um santo remédio esse chamado destino... Foi acordar, e notar que o saldo de 'tears on her pillow' crescia em proporção geométrica em relação ao saldo de amilases salivares. Nilde então respirou fundo, subiu no salto, olhou ao redor e finalmente, se permitiu.

Permitiu virar a pagina poligâmica da sua história. Permitiu não mais dar chance às suas vaidades. Permitiu ser deixada em paz. Permitiu fechar a porta, não olhar pra trás. Permitiu caminhar em solos desconhecidos, percorrer o destino que a Deus pertence, e que à ela escapa.

Ela não pensou duas vezes. Pegou sua saia mais curta, o salto mais baixo e se permitiu. Permitiu gozar do maior dos seus sonhos de consumo, o mitologico décimo segundo andar. Nem as pernas bambas, muito menos as borboletas no estômago impediram que Nilde por um dia, fosse promíscua. Piada infame.
Com muita sede ao pote, o dito cujo rendeu à pobre da minha protagonista, uma bela indigestão. Bem feito, quem manda ter os olhos maior que a barriga?!

O sonho de consumo resultou em algumas agatanhadas, maus entendidos e uma enorme dor na consciência. Agora ela trás consigo o velho ditado da vovó: homem não presta minha filha, é tudo igual, não se engane que o que é seu está guardado.
E quem disse que Nilde gosta de brincar de caça ao tesouro??? Do jeito que a fila anda, ela está mais preocupada em brincar de pega-pega.
Resultado, desenganada mais uma vez, ela procura a batida perfeita. Já não mais anceia por algum sonho de consumo. E teme andar de elevador.
Mas o seu inconfundivel ego vaidoso adverte: é melhor se arrepender do que foi feito ao que ficou no desejo. E que desejo....


E enquanto isso, um ser impedido de aqui ser identificado, ocupa parte dos axônios da nossa amiga, será este o novo coadjuvante da vida de Nilde, ou será Ivone?